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6 de jun. de 2011

Ontem foi domingo

No decorrer da semana é aquele corre-corre, o canto dos pássaros se abafa por detrás das conversas, risadas e cumprimentos. A brisa do vento cede lugar ao calor da aglutinação de pessoas. O ronco de um motor e o apito de uma buzina realçam a intensidade da vida durante os dias de alguma semana qualquer de São Borja.
Todo aquele barulho que parece não cessar nunca desaparece de repente. Chegou o domingo. Momento de descanso para muitos. O que antes não se ouvia, agora é barulho constante no decorrer daquele dia. Tudo o que se vê nas manhãs e num pedaço da tarde do domingo, nesta cidade missioneira, são coisas que passam despercebidas no dia-a-dia, mesmo estando perto de nós, e às vezes fazendo parte da nossa vida.
(Crédito: Karolyn Petrucci) 
O movimento dos carros dá espaço para a caminhada de animais abandonados, ou daqueles que saem para dar um passeio. O vento que não se sentia, agora sopra com vontade trazendo uma leve brisa. Livre, solta, silenciosamente ecoantes. O barulhinho frequente de folhas de papel indicando compromissos cede lugar para o remexido das árvores que despertam o canto dos pássaros. O som da buzina que vinha dos carros, agora sai de um lugar diferente - é o tio do algodão doce passando na rua.
A praça XV, que no dia de semana é um dos lugares mais movimentados da cidade graças aos estabelecimentos comerciais e a chegada e saída de táxis, no domingo fica aparentemente vazia. O que se nota por ali é a dupla de macaquinhos que fazem morada nas árvores do local. A cantada de pneus dos carros que correm para encontrar o sinal aberto dá lugar ao rangido dos balanços da pracinha infantil.
(Crédito: Karolyn Petrucci) 
Assim, a cidade transmite a sensação de parecer ter duas vidas. Nesse dia, onde tudo está mais leve, podemos perceber pequenas coisas que no dia-a-dia encontram-se adormecidas pelos alheios. Para onde foi todo aquele barulho, que no domingo se desfaz?
Respostas talvez nunca se encontrem, mas se podemos nos desfazer de alguns barulhos, podemos contribuir para uma corrida diária menos massiva. E se a cidade para muitos no domingo é parada, para outros só é sinal de reflexão, já que é difícil parar para pensar ou observar diante de tantas atividades a serem cumpridas.
A diferença entre os dias de uma mesma cidade servem para realçar a identidade dela. Num dia parada, no outro movimentada. É assim que ela se define, é assim que a vida por aqui acontece.
Texto por Franciéle Rodrigues
Fotos por Karolyn Petrucci

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