Nathalya de Oliveira
Entre as etnias existentes em São Borja, a que mais causa estranheza pelas suas vestimentas é a dos costumes árabes. Basta percorrer as ruas do centro, pelos comércios da cidade, para se deparar com uma árabe usando a abaya, o hijab, além de acessórios e maquiagem marcante.
Amira Ibraim, 20 anos de idade, que é descendente de árabes e mora desde que nasceu em São Borja, explica que o significado da roupa está na religião, eles referenciam o nosso mesmo Deus, na língua deles “Allah”. A roupa que a mulher usa é a abaya, uma túnica preta, o motivo da cor é porque chama menos atenção, não pode haver transparência e serem justas. Esta prática de vestir-se modestamente é uma forma de respeito, a mulher não pode mostrar as partes íntimas e curvas do corpo, exceto o rosto e as mãos. A roupa que o homem usa é uma túnica, parecida com a que Deus usava, da cor branca e larga. Nos homens não são permitidos mostrarem a região entre o umbigo e o joelho.
As mulheres usam na cabeça o hijab, que na nossa cultura é conhecido como véu, serve para proteger e não mostrar o cabelo. Apesar de o costume continuar desde a época do profeta Maomé, acontece ainda uma constante evolução na mudança nas maneiras de usá-lo. O hijab agora é moda, os estilas como Yves Saint-Laurent, um eterno apaixonado por Marrakech, Kenzo, Jean Paul Gaultier, Christian Lacroix, Diane von Furstenberg ,Vivienne Westwood e Simohamed Lakhdar mostram os diferentes estilos e técnicas elaboradas. Os desfiles são grandes acontecimentos e todos se inspiraram nos Kaftans, que são túnicas longas e soltas de tecido, usadas no Oriente Médio.
O hijab varia dos mais simples, usados no dia-a-dia, aos de alta costura e sofisticados. Hoje são bem coloridos, com detalhes em renda, strass, flores, brilhos e bordados diferenciados. Muito são trazidos da Jordânia, como as maquiagens. Amira conta “minhas tias sempre viajam para lá, mas têm muitos que pegam o modelo e mandam fazer aqui, fica bonito, mas não igual”. Ela compra os nossos lenços que servem como hijab, agora eles vêm em uma grande variedade de cores, incluindo padrões bold projetado para acentuar um lenço de cor neutra, pode ser embelezada com reúne ou em forma de fornecer volume.
Sobre a opressão feminista, Amira conta “que não foi obrigada a usar as vestimentas e que nenhuma mulher é, elas usam se quiserem, nenhum lugar obriga, ela usa porque gosta, tem orgulho da sua cultura e respeito por Allah”. As crianças não precisam usar, é necessário a partir da tua puberdade. Amira relata “comecei a usar com quinze anos de idade e minha filha irá usar desde que nascer. Estou acostumada que se sair na rua sem, sinto como se estivesse nua”.
Amira fala sobre os acessórios “no dia a dia tenho medo de usar ouro, minhas tias usam sempre, eu não gosto de usar brinco e hijab, acredito que não combina. Somente em festas e casamentos abuso de muito ouro”. Em casa usa roupa normal, somente mulheres e familiares podem ver sem a vestimenta árabe.
Outro ponto marcante é a maquiagem. O olho é a região mais destacada, principalmente em ocasiões especiais. O segredo está no uso do kajal, que é fabricado a partir de carvão, óleos vegetais e algumas vezes, especiarias. Ele tem uma textura parecida com um giz de cera e é aplicado da mesma forma que um lápis de olho. Maomé usava para proteger os olhos. Há uma frase conhecida que “A beleza de uma muçulmana está nos seus olhos, porque esta é a porta do seu coração, o lugar onde o amor reside”.
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