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27 de jun. de 2011

Um Texto Novo

Preciso escrever um texto novo. Mas, nada me parece novo.
Está tudo velho. Essa é a reclamação de todos. Da criança, que acabou de ver o anúncio de um novo brinquedo. Do Seu Joaquim da padaria, que está cansado de só fazer pão. Da senhora na parada de ônibus, que, quando está frio, sempre começa suas conversas com a frase: “Frio hoje, hein?”.
E quem precisa fazer coisas novas, como é que fica? Ao contrário do Seu Joaquim da padaria, que faz todo dia o mesmo pão, não posso escrever todo dia o mesmo texto.
Um papel em branco desafia. Penetra nos olhos, maliciosamente, desdenhando das nossas capacidades.
Já sei. Vou pra rua. Ela inspirou poetas por gerações. Não vai me deixar na mão.
Lá, encontro o mesmo banco da mesma praça. A mesma garota passeando com o mesmo cachorro. A mesma mãe, trazendo o mesmo filho da mesma escola. O mesmo casal de namorados, dividindo o mesmo chocolate que comprou na mesma confeitaria.
Foi ali, observando o tal casal de namorados, que me veio o estalo.
É o amor. Claro, o amor! É ele que deixa tudo novo. É o responsável por mascarar as coisas velhas, fazendo com que pareçam novas. É o segredo dos poetas.
É graças a ele que os dias não se tornam apenas uma série de acontecimentos que se repetem. Ele instiga descobertas.
Tá aí. Acabei de fazer uma descoberta. Mas, se outros já devem ter descoberto, não é descoberta.
Ou é?
Pra mim, é.
Cheguei em casa. O papel ainda está em branco.
Preciso escrever um texto novo. Bem, precisava.
Parece que esse é mais um relato sobre nada. É que o nada me parece novo.
Texto por Dhouglas Castro

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