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22 de abr. de 2012

O que os alemães e os árabes trouxeram para São Borja?

Conheça um pouco mais sobre a arquitetura e a decoração dos imigrantes


Caroline Rossasi

Culturas diferentes se unem em um só lugar e estão estampadas em São Borja. Imigrantes alemães que vieram para o Rio Grande do Sul no século XIX trouxeram consigo seus costumes e isso fica evidente ao ver as fachadas de algumas casas com traços que lembram a arquitetura germânica. Por outro lado, no interior das residências dos imigrantes árabes se fazem presentes suas peças de decoração, com brilho, cores, cortinas, tapetes e muito mais.

A casa de Noveli Donischt Schmidt foi construída há 20 anos e é a que mais
lembra a arquitetura germânica em São Borja 

Noveli Donischt Schmidt é descendente de imigrantes alemães. Há 20 anos ela decidiu que queria uma casa nos moldes da arquitetura germânica e com a ajuda de duas engenheiras, que foram até Gramado – RS para pesquisar os modelos, esse desejo se tornou realidade. “Queríamos este estilo para lembrar sempre dos nossos ascendentes, são coisas que vamos esquecendo, porque vamos perdendo o contato com os alemães”, diz. A casa de Noveli é a única na cidade que possui tantas características que lembram as casas alemãs, como os desenhos em formato de “x” – chamados enxaimel – presentes nas janelas, portas e sacadas, o telhado em madeira, entre outros.

O interior da casa de Noveli também apresenta alguns atributos germânicos, como relógios antigos herdados de seus bisavós, um guarda-roupa com espelhos de cristal e outras peças menores. Outro elemento que faz parte da decoração alemã é uma pintura típica chamada bauern marelei, que pode ser gravada em diversos artigos. Os materiais pintados com essa arte estão presentes em várias lojas na cidade.


Detalhes em enxaimel estão presentes em vários lugares da residência

De acordo com o arquiteto Diego Bicca, na Alemanha as casas apresentavam os telhados com grandes inclinações devido ao clima predominante da região. “Os telhados tinham inclinações bem altas para evitar o acúmulo da neve. Já aqui na nossa região isso foi utilizado pela questão da ventilação, para arejar mais a casa”, afirma. Na residência de Noveli, por exemplo, para se conseguir o aspecto desejado, as telhas foram confeccionadas em Santa Catarina.

Em São Borja também estão presentes diversos imigrantes árabes. Naturais da cidade de Alamur, na Palestina, os pais da comerciante Aida Mohamed Moussa vieram para o Brasil em busca de uma vida melhor. Aida nasceu no Rio Grande do Sul, entretanto, a maioria de seus familiares atualmente mora na Jordânia.

Assim como Noveli, Aida quer manter as características de sua família. Por isso, o interior de sua residência é cercado por itens de decoração árabe. Para ela, a decoração é uma maneira de conservar os valores de sua cultura. “Desde pequena nós sabemos de onde meus pais vieram... Meus pais nos ensinaram a falar árabe, nós procuramos conservar isso. Pela dificuldade que eles passaram para vir pra cá, tu aprendes a amar o que tu não conheceste”, conta.

Os objetos da casa de Aida Mohamed Moussa foram todos trazidos da Jordânia 

Conforme o arquiteto Diego Bicca, a beleza da decoração árabe é focada para o interior das residências. “A questão tipológica das casas externamente não terem nenhum requinte decorativo e a beleza estar nos espaços internos. Tanto é que na parte interna da casa geralmente existe um poço ou uma fonte”. Na residência de Aida, a sala é o cômodo em que existem mais itens decorativos árabes. A comerciante explica quais as principais características desse tipo de decoração. “O dourado impera em tudo, nas cortinas se usa cores fortes, marcantes".

Confira algumas dicas de como criar um ambiente árabe na sua casa:



A arquitetura e a decoração presentes nas casas dos descendentes de imigrantes, como nas residências de Aida e Noveli, mostram que isso é uma maneira de preservar os costumes de seus antecessores, mantendo as suas origens. Através dessas iniciativas, a mistura só acaba por deixar a cidade coberta de tradições que foram preservadas e fazem com que São Borja fique bonita do seu jeito.

Acompanhe na íntegra a entrevista com o arquiteto Diego Bicca:


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